Características
- Poema pré-modernista – período de transição entre as escolas do século XIX e o Modernismo, em 1922.
- A linguagem científica se distancia do racionalismo da época.
- Pessimismo e melancolia.
- Soneto decassílabo (caráter de tradição).
- Dualidade entre subjetividade e a objetividade.
- O poema em questão faz parte do único livro do poeta chamado ”Eu”
- Augusto dos anjos, autor do poema, tinha um pé no Simbolismo e outro no Modernismo.
A lágrima, 1912
-Faça-me o obséquio de trazer reunidos
Cloreto de sódio, água e albumina …
Ah! Basta isto, porque isto é que origina
A lágrima de todos os vencidos!
– A farmacologia e a medicina
Com a relatividade dos sentidos
Desconhecem os mil desconhecidos
Segredos dessa secreção divina.
– O farmacêutico me obtemperou. –
Vem-me então à lembrança o pai Ioiô
Na ânsia psíquica da última eficácia!
E logo a lágrima em meus olhos cai.
Ah! Vale mais lembrar-me eu de meu Pai
Do que todas as drogas da farmácia!
Dica
Para você, querido leitor, que não entendeu nada, te indico o método que minha professora Jojô ensinou em sala. Primeiro, pense sobre o título. O que ele te fala? “A lágrima”. Meio pessimista, não acha? E isso faz sentido no contexto da época? Agora vamos para o eu-lírico, como ele se sente? Quem ele é? O que deseja? E por fim, medite sobre o interlocutor do eu-lírico. Quem é? O que faz? e assim vai.
Estrofe por estrofe
Na primeira estrofe, já percebemos duas características fora do habitual. A travessão (-) que é muito comum em prosa e a presença de elementos químicos no segundo verso. Isso entra na característica apoética de Augusto dos anjos, importantíssima para vestibulares. Normalmente é cobrada como ”Linguagem Científica”. Mas, vamos para o conteúdo.
No primeiro quarteto, o eu-lírico pede para seu interlocutor alguns ingredientes. E depois revela sua intenção –
”isto é que origina / A lágrima de todos os vencidos!”
Ou seja, aqui ele procura os ingredientes para criar uma lágrima e não é qualquer uma não. Os componentes fazem parte da lágrima daquele que perdeu.
Na segunda estrofe, chegamos a metade do quebra cabeça. Descobrimos que seu interlocutor é um farmacêutico que afirma a impossibilidade de fabricar a lágrima desejada, mesmo com os grandes avanços científicos existentes.
Também é importante evidenciar a fala “Secreção Divina” já que remete a uma espiritualidade, típica do Simbolismo.
No primeiro terceto, observa-se a fuga narrativa que da espaço para lembrança de Ioiô.
Atenção! Aqui se vê uma aproximação entre o eu-lírico e o poeta, já que o pai doente de Augusto dos anjos aparece com frequência no livro de poemas titulado “Eu” do escritor.
Por quê essa lembrança veio agora? “Na ânsia psíquica da última eficácia! “. Talvez, no contexto de lembrar da lágrima ele se lembrou da última vez que usou-a. E ainda ressalta que foi eficiente.
Na última estrofe, o nosso eu-lírico chora ao se lembrar de Ioiô e reflete que, para chorar, é mais fácil usar a lembrança que tem de seu pai do que fabricar uma lágrima artificialmente.
Considerações
Essa é minha análise da obra “A lágrima” de Augusto dos Anjos. Tenho 17 anos atualmente e estou no processo de amadurecimento na análise de textos e melhora da minha escrita. Para esse relato, utilizei de conhecimentos que aprendi no bom colégio que tenho a sorte de estudar. Então, conto com seu apoio com feedbacks e/ou correções nesse post.
Vamos juntos fazer nossa parte para democratizar o acesso às universidades! Abraço.
Oi, Vitor!
Que iniciativa incrível!
Espero que muitos jovens tenham acesso ao seu blog.
Adorei a análise!
Acho que vale comentar que Ioiô era o apelido do pai do Augusto dos Anjos, mas que, mesmo assim, isso não garante que ele seja o eu lírico.
Parabéns!
Com carinho,
Jojô
Oi, professora jojô!
Muito obrigado!
Com certeza!! Vou atualizar o post, agora.
De pouco em pouco, a análise vai ficar melhor. Valeu pelo feedback!
Com um sorriso no rosto,
Vítor